Riquezas e desafios: Pai Nosso

Em Jesus Cristo, já recebemos do Pai, o Perdão, o Pão e o Reino. Dai-nos Pão de cada dia e não permita que meu pão durma guardado em minha casa, pois se ele sobra em minha casa é porque falta na casa do vizinho.

ARTIGO

José de Oliveira da Silva

11/30/20259 min read

Afirmação: Pai nosso que estais no céu

Invocação: Santificado seja o teu nome

Pai nosso, não é meu nem deles, nem dos pais, mas, sim, “nosso” então somos irmãos, não por uma configuração religiosa ou sociológica, mas por uma matriz única que é o Criador, o Senhor do céu e da terra, assim quis Jesus, O Filho querido do Pai.

Assim somos conduzidos a reconhecer que temos um único “Pai” e quem faz tal afirmação é aquele que desceu do céu e foi declarado pelo próprio Pai quando disse: "Este é o meu Filho, o Eleito. Escutai-o", (cf. Lc 9, 35)

A oração se inicia com uma declaração: “Pai nosso que está nos céus”

Santificado seja o teu Nome.

Que seja respeitado, amado, ora, isso exige do discípulo um novo comportamento na maneira de relacionar com Deus, que agora é Pai, e implica num novo relacionamento entre os irmãos e com todos filhos e filhas de Deus, se o nome dele é santificado, também nós somos santificados na verdade.

Um pedido: Venha o teu reino. Por trás destas palavras estão escondidos um apelo de conversão, é preciso criar espaço para que o Reino seja reconhecido.

venha a nós o teu “Reino”, um reino que não se confunde com o reino do imperador, dos reis da terra por mais importante que seja.

O Reino do Pai que está no céu, ele é reconhecido por um novo jeito de viver daqueles que reconhece e aceita caminhar com aquele que o Pai enviou ao mundo, Jesus Cristo.

Não só para mim ou para minha família, para o meu negócio, mas para “nós”, para todos os que acolhe o projeto de vida que Jesus oferece em favor de todos e ao mesmo tempo continua sendo dele.

Que seja feita a tua vontade, e qual é a vontade do Pai? Para Jesus a vontade do Pai é que todo aquele que vê o Filho e nele crê tenha a vida em seu nome, a vontade do Pai é que o projeto de Jesus seja realizado.

Que é um Reino de Justiça, de Paz, de solidariedade, amor. Para Jesus a vontade do Pai é a realização plena da pessoa humana, neste sentido, Jesus faz uma importante declaração: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10)

Um outro elemento a ser levado em conta, é que Jesus ensina seus discípulos a pedir o que é essencial para a vida e para a vida nova que ele oferece: O “Pão”.

O pão nosso de cada dia, dá nos hoje. Não é para estocar, para acumular, mais o necessário para a vida hoje. Que aprendamos a pedir o que for necessário à vida.

Aqui também encontramos velado um convite a conversão, a perseverança no caminho, no relacionamento com os irmãos e com o Pai.

Que o Pai nos dê, hoje o pão que precisamos, o Pão não é só meu, mas nosso, exclui, assim a dinâmica do individualismo.

Estabelece aqui o processo de partilha e não de acumulação de riqueza em prejuízo do outro, também não nos deixa acomodados, pois precisamos estar constantemente em estado de oração diante do Pai.

Este pedido nos coloca em constante movimento e em busca do sustento da vida, pois viver é partilhar, é comunicar em busca da realização de um encontro com o Pai.

Pedir que nos dê o Pão vivo descido do céu.

Quem é o Pão vivo descido dos céus? Este Pão vivo descido do céu deve ser pedido ao Pai a cada dia.

Assim o Filho impõe-nos uma condição, nos colocar diariamente diante do Pai, recordando nosso projeto de vida é para ser partilhado para que todos tenham vida.

De modo que, pedindo o pão para cada dia, nos encontramos em permanente contato com Nosso Pai.

“Pai Nosso”, em outro memento, outro contexto a exemplo de Jesus, podemos e devemos dizer, meu Pai, mais aqui rezamos como o Senhor nos ensinou.

Pão nosso, o pão da solidariedade, da alegria, do empenho em bem servir, bem viver. O Pão que dá vida ao mundo.

Encontramos aqui velado uma outra exigência, a da reconciliação entre os irmãos, para viver a comunhão que nasce da acolhida do pão vivo vindo do céu.

Expressa também um novo comportamento na expressão “Perdoa os nossos pecados (dívidas), assim como nós perdoamos aos que nos devem”.

Devemos buscar coerência, moldar a nossa vida com o que falamos e fazemos.

E por fim consciente de nossas fraquezas, nos deparamos com mais um pedido “não nos (submeta ao erro) introduza em tentação, mas livre-nos do Maligno.

Jesus ao entregar a Oração do Pai Nosso a seus discípulos, entrega também um novo programa de vida, que na verdade exige meta, objetivo empenho, porque empírica em abrir pouco a pouco o coração e a mente para amar como Jesus amava, viver como Jesus vivia, ter no coração e na vida os mesmos sentimentos de Jesus Cristo em relação ao outro aos outros e ao Pai.

A boca que se abre parra pedir o pão é a mesma que é a mesma que se abre para perdoar. A mão que se estende para pegar o pão é a mesma que se estende em gesto de perdão.

4.1 Torne-se apaixonado por uma causa, a vida.

Um apaixonado pela Vida, a ponto de acolher a morte para que outros possam viver, vida digna de um ser humano, razão pela qual, na oração do Pai Nosso o “eu, não vem em primeiro lugar, o primeiro lugar cabe ao “Nosso”, nós, o teu Reino, a tua vontade.

​O que Jesus, propõem a seus discípulos não é apenas momentos de oração pessoal, em família, ou social e até mesmo para nova comunidade, mas é sobretudo um novo programa de vida.

Um jeito novo de conversar com o Pai, um orar com simplicidade, mais um orar com profundidade e com verdadeira intimidade com o Pai, onde fé e vida caminham juntos.

Um orar que requer conversão, empenho para assumir um novo jeito de viver, um novo comportamento pessoal e social.

Aparece sempre as palavras “Nosso, teu” “Nosso” aparece por vezes, assim como “teu” vosso, vossa. (Mt 6,9-13). Este modo de rezar ensinado por Jesus se encontra em duas tradições do Novo Testamento como se observa em São Mateus e em São Lucas.

São Lucas nos apresenta uma versão mais curta, mas com empenho profundo e responde inquietação daqueles que se apresenta em torno do Mestre com suas necessidades:

Santificado seja o teu nome".

Venha o teu Reino e é Ele, O Pai que nos dá o pão de cada dia.

A conquista do pão não é só fruto do nosso trabalho, mas é dado pelo Pai.

E por ser dado requer nossos empenhos na construção de novas culturas que se mostre na defesa e promoção da vida.

Em outra situação, Jesus afirma que, é o seu Pai, quem nos dá o verdadeiro Pão descido do céu, de fato o maior dom, que o Pai nos dá é o seu filho, e é o espírito de seu filho que renova todas as coisas. (Jo,6, 32-33)

O pão que agora pedimos é o próprio Jesus, ele é o “Pão vivo descido do céu” (Jo 6, 32-33). E é em Jesus e por Jesus que Deus se faz nosso Pai, reconheçamo-nos irmãos de Jesus vivendo o que ele nos ensina por palavras e exemplos

O comprometimento na ação de perdoar, e perdoar aqui, não é troca, não é favor, mas condição para que nosso desejo de paz seja, saciado e atendido.

A última invocação revela nossa condição humana, aí pedimos com humildade não nos introduza em tentação, do poder, da superioridade ou da autossuficiência ou convicção de ser mais importante, da inferioridade, da indiferença. Pois, somos todos Filhos e filhas do Mesmo Pai que está nos céus, somos irmãos e irmãs amados e queridos do Pai

O Pai Nosso é uma Oração dirigida ao Pai.

O Pai de Jesus e nosso Pai por vontade expressa de Jesus que assim declarou: “vai, a meus irmãos e dizei-lhes: “Subo a meu Pai, e vosso Pai, a meu Deus e vosso Deus”. Jo 20, 17

A expressão Reino de Deus (No Pai Nosso, venha a nós o vosso Reino, Reino do Pai) que em Mc1,15 é uma boa Notícia, anunciada aos pobres, é anunciada por Jesus Cristo, significando que em Jesus Cristo chegou para os Pobres a força libertadora de Deus, que dá vida nova a todas as coisas.

Na Oração do Pai Nosso, Jesus, mantem a dimensão da fé na manutenção da esperança na realização Plena da Manifestação do Reino, que acontecerá naquele dia em que o Senhor nos chamar a ocupar o lugar que Ele com sua vida nos preparou na Casa do Pai: "Vinde bendito de meu Pai", disse ele Mt 25,34.

"Quem me viu, tem visto o Pai", Jo 16, 9b

A comunhão com Jesus Cristo é comunhão com o Pai na força do Espírito Santo.

A obediência e resposta do fiel a Jesus Cristo, é obediência e resposta ao projeto do Pai que se manifestou em Jesus Cristo.

​A oração do Senhor, mais do que oração é um projeto de vida, que nos envolve no contexto da aliança, numa disposição para realização de um projeto que chega ao seu objetivo na posse definitiva do reino do Pai, que também é nossa; não é só pelo nosso esforço de cumprir metas, mais por graça e misericórdia do Pai que se apresenta a nós por meio de Jesus Cristo, verdadeiro Pão descido do céu para vida do mundo.

​Jesus nos apresenta e entrega um projeto de vida, um novo jeito de relacionar com Um Deus, que é Pai e que através de seu Filho entra em nosso ser, em nossa história e nos projeta na direção do irmão, do outro, pois, o pão não é só para ser comido, mas é para ser partilhado para que todos tenham vida.

4.2 Ainda tenho fome

Como peregrino de esperança, há uma voz que grita dentro de mim em duas ou mais direções, uma é que tenho fome, mostrando que sou um ser em movimento, outra é que há uma necessidade da partilha e da solidariedade.

A fome não é por falta de pão, mais por má administração de nossos bens.

Diante da desigualdade, grito: Pai nosso, dai-nos o pão de cada dia.

Enquanto tiver um homem, uma mulher com fome, que eu sinta no dever de dizer ao Pai: dai-nos pão de cada dia e não permita que meu pão durma guardado em minha casa, pois se ele sobra em minha casa é porque falta na casa do vizinho.

4.3 “Dê do teu pão a quem tem fome”

​Na festa devíamos ser todos iguais, todos estão aí em busca de um momento feliz e com um único desejo, produzir alegria, satisfação e bem-estar de seus promotores e participantes. Seu objetivo é celebrar um acontecimento marcante

Muitas vezes olhar para um futuro promissor para todos não passa de uma utopia, mas o mundo precisa de sonhadores, de alguém que pensa longe, que deseja e quer um futuro melhor para os que nada têm.

Nosso mundo espera e clama, por vozes que gritam e reclama por solidariedade e respeito pela vida.

Como se sentar à mesa e participar dela sabendo que alguém, morre sem os recursos necessários ao cuidado com a vida, alimentação, educação de qualidade?

A festa não pode ser reservada a uns poucos que detém o poder seja ele de que espécie seja, a vida merece ser cuidado, ser celebrada

Pão é símbolo, do que é necessário à vida, por isso somos todos desafiados a promover a festa da partilha, da solidariedade e do amor

Assim rezamos o pão nosso de cada dia dá nos hoje, e assim cremos que um dia o pão estará na mesa de todos

​Pai, dá-nos o dom da partilha e da solidariedade, e fazei de nós portadores da vida, que dá vida nova ao mundo.

Em Jesus Cristo, já recebemos do Pai, o Perdão, o Pão e o Reino.

DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA

Quando chegar o teu reino, Senhor.

Toda terra se encherá de sua glória.

Homens e mulheres viverão em comunhão.

Pois o chão é dos irmãos.

Quando chegar o teu Reino, Senhor.

Toda criatura terá pão com fartura,

Saúde e vida plena para todos,

e o mundo conhecerá a tua paz,

Pois, a terra é de todos.

Quando chegar o teu Reino, Senhor.

Em toda terra será reconhecido o direito de todos

E a vida estará acima de todo lucro.

Pois, a vida é o maior bem em toda terra.